faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.

...
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.

José Gomes Ferreira

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

enCURRALado

(talvez devesse ter vindo para aqui mas, no caminho, "perdeu-se" pelo anónimo sec. xxi)

. em restaurante com toalhas de papel:

  • "... cento e não sei quantos mihões no euromilhões..."
Não jogo!
nem no euromilhões 
nem em nada parecido.
Se eu ganhasse esses milhões todos
ficaria tudo na mesma
                    menos eu...
e o que quero é ajudar 
                    a mudar tudo!

  • "... cresce a pobreza em Portugal... cada vez há mais crianças com fome..."
logo que chegar a casa vou (transcre)ver o EDITAL
do JOAQUIM NAMORADO:



Edital

Foi afixado 
nos locais do costume 
que É PROIBIDO MENDIGAR. 

Logo mão que se descobre 
escreveu a tinta por baixo 
MAS NÃO É PROIBIDO SER POBRE. 

(Joaquim Namorado, in "A Poesia Necessária")

domingo, 21 de setembro de 2014

Dias de agora - contábil idade

(...)

Ao lembrar paleio futebolístico em que, nos comentários, o espaço do rectângulo se divide em terços, e as questões se colocam ao nível do terço defensivo, do terço médio ou do terço ofensivo (como o Sporting está a falhar neste último terço!), reconverti o espaço em tempo (de vida) e tomei umas notas enCURRALadas sobre este último terço em que estaria.

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E escrevi qualquer coisa como (acrescentado com cálculos feitos aqui à secretária):

No último terço? – não querias mais nada

No último quarto? – também já lá vai

No último quinto? – contas pouco certas

No último sexto? – isto é, até aos 94?!, não seria mau desde que…

No último sétimo? – daria 91, e preparo-me para tanto(s)… pelo menos

No último oitavo? – é mais uma década e um anito de troco

No último nono (mas não nô-nô…)? – mais uma década… sem trocos

No último décimo? – 87 anitos folgados… vamos a ver e vivó velho!

 &-----&-----&
Não, não estou obcecado, ou com uma ideia fixa.
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Mas estou, acho eu, lúcido… e estatístico.
(...)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Na mesa ao lado, num fim de férias emigrantes

Ao comando, o pai. De braços (e gestos, e tudo... como a sua vida) musculados, duros.

Em frente, indiferente, o filho. Com duas linhas em vez de braços a terminarem em polegares... a polegarem um telemóvel.

Ao lado do pai, a mãe. Calada. Atenta. A tentar "pontes". Insegura, inquieta, na procura (inútil) de equilíbrios e sorrisos.

No canto recanto, palco escondido, a filha. À margem (talvez em França ou mais longe). De calções e maquillage suposta ou imaginadamente provocadores (para quem?).

no XICO  

Num desvio (?) de "uma volta ao mundo das ideias económicas" (Avelãs Nunes)

Não se esqueçam
(ou lembrem-se!...)
que todos temos o mesmo destino.
O que Keynes - por maus motivos e más causas - 
tão bem prognosticou:
a longo prazo todos (mas todos!) estaremos mortos.
Valeu a pena viver?
Sim!!! se tivermos sido conscientes, coerentes
... e felizes.

enCURRALado

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Conjugação de verbos

ENSIMESMAR(-SE)

eu em mim mesmo (-me)
tu em ti mesmo (-te)
ele em si mesmo (-se)
nós em nós mesmos (-nos)
vós em vós mesmos (-vos)
eles em si mesmos (-se)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Caminhante, caminhante, quem és tu?

No caminho para casa pós-almoço "encurralado", o caminhante, de olhos baixos, vendo as sapatilhas, uma após outra, a pisarem o pó da estrada e a levarem-no de volta a casa, perguntava-se:

Caminhante, caminhante, quem és tu?

Em vez de se responder o "ninguém" carregado de tragédia do romeiro garrettiano, o caminhante sorriu triste à lembrança e disse-se:


«Sou um des(en)graçado filho único que sempre lamentou sê-lo, que se sente órfão dos irmãos que foi ficcionando pela humanidade inteira, com tantos que o foram abandonando, por morte prematura (todas o são),  por outras razões (quase todas não-razões) ou por terem "falecido" antes de morrerem; sou um velho casmurro que continua, desespera(nça)do, na sua cisma, na procura da construção, com todos com que se cruza, a fraternidade futura.»

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

enCURRALadices

(...)

Ao almoço saíram “enCURRALadices”.

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«Enquanto almoço ou qualquer outra coisa que faça, penso… NÃO!: Penso enquanto almoço ou qualquer outra coisa que faça.»

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«Porque isto mais aquilo… está-se triste. NÃO!: Está-se triste (de maneira que nem tem jeito) e, se se quiser, procurem-se as razões, se as há ou se razões são.»

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«Dantes é que era bom… já não tenho dentes para "isto".»

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«Uma atitude burguesa? NÃO: uma postura burgessa.»

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«Não tive uma filha de que eu fosse…”o pai da noiva que a leva ao altar!”; tenho filhos que de mim não fizeram “o pai do artista, o pai de cientista, o pai do historiador, o pai do intelectual, o pai do”»

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dói o silêncio em cerco
Dói o silêncio em
Dói o silêncio 
Dói o
Dói

(oh!, se dói...)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

O silêncio em volta
O silêncio em
O silêncio
O
(chiu!)

domingo, 20 de abril de 2014

pinça mentes enCURRALados

Cada um sabe (um pouco) de si
e ninguém sabe de todos...


Quem sabe da tenda é o tendeiro
... se for solteiro
... e não tiver pessoal a tempo inteiro


O meu ego é pequenino
... e queixa-se disso!

segunda-feira, 24 de março de 2014

dias de agora

24.03.2014

Uma quase-ficção para a manhã:

«Farto de (esbrace)nadar, o homem fez  paragem num apeadeiro. Apiedou-se de si próprio. Estava cansado. 
Mas sair do caminho, nunca!
Agora, ia tentar apressar-se (ah!, o tempo a escassear. sempre!). Talvez um barco a remos…
Quando se preparava, no cais, para embarcar, foi interpelado por um pass(e)ante:
“O amigo vai para a Ilha*?”
“Claro!, sempre em frente, embora com muitas curvas, e ondas, e marés…”
“Mas vai sozinho?”
“Não!, a companheira acompanha-me… tem os seus próprios caminhos, e estilos, e barcos. Tem as suas amizades, e o Pilates, e a Graça, e o ioga, e os cortes de cabelo “à japonesa”, e outras coisas lá só dela…mas acompanha-me companheira.”
“Pois!… são assim. E nós assim somos… Mas leva muita bagagem?!”
“Pouca coisa. Três livros-fundadores de mim – A crise da Europa, A cultura integral, Rumo à Vitória – e o Beethoven do Roman Rolland traduzido pelo Lopes-Graça (que tem estado à espera), um gira-discos e “viniles” … para sonorizar a leitura. Isto para começar... Ah!, mais uma oftalmologista, um dentista, um ortopedista, uma dermatologista e uma farmácia. E, de vez em quando, serei visitado por amigos como o Martinho, o António Ferreira, o Joaquim Gama, a quem darei consultas (vai ser tudo ao contrário…).”
“… e filhos?,... e netos?...”
“Esses estão sempre comigo – mesmo quando não estão! – porque estão nos genes. E crescem para cima e para a frente do tempo.”
“Olhe… boa viagem!”
“Obrigado! Já estou atrasado. Até logo. Volto sempre…”

E o homem lá foi. Remando, cada vez mais remansamente. Perdendo-se no horizonte mas nunca perdendo o horizonte. Da Ilha deserta* povoada de gente nova sempre a chegar.»


·       * -  Chame-se ela Pasárgada, Ítaca ou qualquer outro nome desses de ilhas do Egeu ou de nenhures

quarta-feira, 5 de março de 2014

Pinça mentes em glosa obrigada a mote

Sabia tanto que apenas sabia que pouco sabia
Sabia tanto que apenas sabia que lhe faltava saber tudo
Sabia tanto que apenas sabia que muito tinha de aprender
Sabia tanto que apenas sabia que não lhe sobrava tempo

O velho actor

O velho actor esperou as pancadas de Molière para, depois, ouvir a primeira "deixa" e entrar em cena.
Demoraram... (aliás, não vierem como acontece a muitos velhos hábitos que caem em desuso.)
Esperou!... e adormeceu. 

Só acordou quando as palmas vieram premiar a sua excelente interpretação daquele papel.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

os imprescindíveis


Não diria que são melhores ainda…
são, só, “os imprescindíveis”.
Muitas vezes erram, falham, caem;
mas levantam-se, tentam de novo,
os mais lúcidos não persistem no que falhou,
procuram corrigir os erros.
E voltam a errar, a falhar, a cair, a levantar-se,
a lutar toda a vida
                                 porque só assim estão vivos!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

desenCURRALando


não convenci ninguém

só (!) terei aberto as portas da convicção

a alguns milhares

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Página 4260 do 43º volume de "dias de agora"

Acabei de almoçar.

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Deixei-me ficar, a ver os verdes…

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Um dia, quero morrer assim,
lúcido,
deixando-me ir,
a olhar os verdes,
belos, belos e variados,
tranquilos
(…)

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Com uma condição: ressuscitar uns dias depois… segundo as regras cristãmente consagradas.

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Desabafo de há quase 9 anos...

Grito de guerra


Eles não são burros,
            mas arremedam bem
Elas não são asnos,
            mas fazem de conta
Eles não são estúpidos,
            mas gostam de parecer.

O que eles querem
            é viver tranquilos,
            sem que nada os chateie.

O que eles querem
            é morrer com o papinho cheio de gozo(s),
            com muita saúde… e depressa, de repentemente.
           
O que eles querem é viver e morrer
sem tomarem consciência
            de que não viveram
            ou de que não valeu a pena terem vivido.

E houve uma mãe que os pariu!,
            por isso, que a palavra de ordem
            se torne num grito de guerra:
            puta que os pariu! [*]



Borsalino,
04,03,2005



[*]  - sem ofensa para a senhora
… e que até não o seria antes de terem tais filhos

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

da mesa do canto

2 mulheres e 5 homens naquela mesa. 
De 7, claro...

Eles cinco não abrem a boca para falar.
Elas duas só a fecham para mastigar.