EM VELHO CIMENTO
Envelhecer é fácil. É
rápido. É para milhões. Mas não é para todos… há os que ficam pelo caminho.
O que é difícil é em-velho-ser.
Pessoalmente, o que é mesmo muito complicado é o estado em-velho-sou.
Em que estou. De passagem.
E é duro saber que se vai,
não tarda muito, “sair de cena” (Philip
Roth).
Angustia a consciência de
estar “no caminho do nunca” (Jaime
Gralheiro, sem interrogação). Tantos passos e gestos e actos que nunca mais, embora lendo e
escrevendo “nunca digas nunca mais” (em todas as línguas).
Não amacia estas ásperas
certezas e as sempre menos vésperas “um
homem sorrir à morte com meia cara” (José Rodrigues Miguéis).
Pouco vale o recurso a citações
de prosadores (como de poetas abundaria… já
Bocage não sou…) e tentar exercícios de estilo originais e perenes.
Melhor se diria prosa(de)dores.
Que elas tantas são, por fora e dentro do corpo, que mais que enumerá-las
melhor seria dizer o que não dói!
D’esta Festa em que me vi(vi)
em-velho-sido.
10.09.2018