faz de conta que o que é, é!... avança o peão de rei.
o mistério difícil
em que ninguém repara
das rosas cansadas do dia a dia.
José Gomes Ferreira
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Na quadra(da)
fui daqui jantar a Lisboa,
à Varina da Madragoa,
só p'ra festejar esta data.
Como no ano de setenta e oito,
para começar de novo a viver
nas vésperas de um ano nascer,
e qu’ este seja novo, ovo e afoito
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
De vez em quando...
De quê? De tudo. De nada. Da vida.
Antes, caminhando por serventias abertas e por caminhos e ruelas sem nome;
há pouco, por travessas e ruas com nomes
agora, mais por IPs, SCUTs e auto-estradas com números e portagens.
Mas, hoje, vindo de volta ao canto este,
pisei o que estava virgem de meus pés,
Fiquei olhando, e olhando-me.
Com o sentimento de ter esgotado o tempo a passar ao lado. De tanto tempo perdido...
... Não! Não é verdade! De de ter passado ao lado de tanto tempo não ganho.
A quê? A tudo. A nada. À vida.
Hoje, neste regresso, recuperei algum desse tempo.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Do conhecimento dos animais
Um cão, com nome de Tarzan, foi meu companheiro de infância de filho único, foi membro da família, protegido e protector.
Aos gatos, via-os passar nos quintais das traseiras do velho bairro urbano ou às portas das carvoarias.
Também via pássaros cruzarem os ares. Andorinhas quando era tempo - e, então, ainda poucas das muitas vezes que já as reencontrei, ano a ano e tantos são -, pardais em todos os tempos e lugares. E nunca aprendi a distinguir outras, por mais lições que o menino da cidade tivesse tido do pai nascido na aldeia e que sabia identificar os piares, cores, nomes de todos os pássaros (arbéolas, cucos, ferreiros, melros, pintassilgos e pintarroxos, rouxinois, caracois e mais bichos mois). Nunca passei das andorinhas, dos pardais, dos pombos e, depois, das aves de rapina... todas iguais.
Ainda podia acrescentar, a essa descoberta do mundo animal, algumas visitas. As repetidas ao Jardim Zoológico e uma ao Aquário Vasco da Gama. Mas isso eram animais de um outro mundo. Não do meu.
Assim foram escorrendo os anos. Aprendendo e desaprendendo, construindo mundos e neles me integrando.
Teria havido tempo em que os animais falavam? Houve tempo em que acreditei que sim. Foi também das coisas que construi e desconstrui. Sei, hoje, que só o homem fala depois de ter tempos e tempos em que, sendo animal e pouco ser humano, não falou.
Do conhecimento dos animais soube, durante décadas e como se fosse ciência certa, que os cães comiam ossos e os gatos comiam espinhas. Dos restos das nossas refeições. E que os cães eram fieis e obedientes, os melhores amigos do homem, e que os gatos eram ladrões, ariscos, associais, pequenas e incorrigíveis feras.
As coisas que eu sabia! Ou as coisas que eu julgava saber!
Hoje, se em certas casas há cãezinhos que são companhia de senhoras idosas e sós que, para eles, fazem coletinhos de lã, nesta

Isto o mundo dá cada volta! Está sempre a dar…
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Fraternas idades
sábado, 18 de dezembro de 2010
Coisas que me passam pela cabeça
com o andar (andar?.!.. com o correr) dos anos, vamos comprovando que o mundo se divide, que tem vários centros não coincidentes ou coin-cêntricos.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Alentejando
Um espaço de permeio. Mas com uma identidade única. Há um estar no Alentejo como dificilmente se vive o estar noutros espaços. Pelo Alentejo se passa, vindo do Centro, ou mais do Norte. Mas não é um espaço de passagem. É um espaço de ficagem!
Porque, nas suas diferenças, se vive uma identidade. Um modo de ser, de estar, de falar. Alentejano! Aqui mais cerrado que ali. Sempre o mesmo nas suas diferenças.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Bom dia!
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Bom dia!
Mas deve estar cá um frio...
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Bom dia!
Por aqui, a semana dividia-se à quinta. Era o dia do mercado, de ir trocar as primícias pelas sardinhas, que tinham de chegar para a semana toda. Sem nada de frigoríficos...
Bom! Choveu a noite, está sol na manhã. Até já. Saudades e saudações. Nós por cá todos bem, como terminava a carta da mãe para o Fernando Lopes. Mas isto são outras fitas.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Bom dia!
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Bom dia!
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Bom dia!
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
Um livro que exacerbe
Bom dia!
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Bom dia! 'Tá frio por aqui...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
El(o)ucubrações
Bom dia!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
El(o)ucubrações
Bom dia!
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Bom dia, por aqui cinzento e chuvoso
domingo, 21 de novembro de 2010
Bom dia!
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Bom dia!
Bom... estou a baralhar tudo. Ainda não acordei por completo. Desculpem lá qualquer coisinha, como canta o Paulo do Carmo ao piano com Bernardo Lajinha.
.
Bom dia, sexta-feira!
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
S(ab)er ou não ser
E sei,
pelo muito que sei,
que há tanto que não sei!
Só me resta,
no tempo que me resta,
continuar a aprender!
Bom dia!... 'tá de chuva no Zambujal
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Diálogo luso-ucraniano na manhã desta quarta-feira
Bom dia, pessoal!
Eu também ainda não me decidi...
Entrámos na recta final. Da cimeira da NATO, da Greve Geral.
Tem de se dar ao pedal!
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Bom dia!,,, só para amigos/as
... e há tanto para/por fazer...
Vamos agarrar a vida pelos cornos!
Até já.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Pior a emenda que o soneto!
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
S. Martinho, castanhas, água-pé... e idade
.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Triplo-salto
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
As inustiças e as causas da injustiça
É nossa obrigação ajudar a que os injustiçados sintam/tomem consciência das injustiças para que se possa combater e vencer as causas da injustiça.
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 8
O que é que ela, aquela esposa toda"produzida", é mais:
é mais feia ou é mais antipática?
Resolvi:
é antipaticamente feia...
Não!:
... é feiamente antipática.
Duvido... mas nunca perco a esperança!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
EnCURRALado
- Olho para a televisão. Põem o puto a dizer, alarvemente, não gosto de perder nem a feijões... e assim o ensinam a não saber ganhar nem a milhões!
- A culpa é - sempre! - dos governos anteriores. Sempre? Não o é quando o governo anterior é da mesma cor (de rosa...) do actual. Também seria assim se fosse de outra cor (de laranja) como se só houvesse as duas!
domingo, 17 de outubro de 2010
às duas por três (a terceira fica para a próxima)
Se por ti passo e em ti me vejo
forte, são e escorreito... tão jovem!,
porquê a mim me devolves
cansado, feio e triste, tão velho?
ESCONDO(-ME)
Escondo-me atrás das palavras
- jogo, brinco, funâmbulo -,
construo barricadas, trincheiras.
Assim me defendo, lúcido a adiar a lucidez,
... talvez!
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Coisas que me passam pela cabeça
Vai daí, Lenine fez o decreto e Staline pô-lo em execução (já vão dizer: executou-o!... 'tou mesmo a ver...).
(é para lembrar isto que servem os anónimos!)
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O desastre do disparate, do discurso da responsabilidade, da inevitabilidade, e etc.
Chegámos a um ponto (de situação) em que o desnorte é tal que se cita Lenine... "como dizia Lenine e agora que fazer?" depois de se ter aceite como coisa inamovível que não há nada a fazer.~
Não seria bom ler "A Catástrofe eminente e os meios de a combater"?
sábado, 9 de outubro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 7
Nem sabia ele, o pobre, que - ao dizê-lo - não só estava estava a falar de política como estava a fazer política. Da pior. Da que faz-de-conta que não é política!
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 6
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Já nada é certo... de tão certas querermos fazer as coisas
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
O cisne perdeu o pio?!
sábado, 25 de setembro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 4
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 3
................ nem os dias das semanas
................ nem as semanas dos meses
................ nem os meses dos anos
................ nem os anos das décadas
................ nem as décadas da vida!
Só vivendo as vidas de outras vidas
................ dos de antes
................ dos que virão!
Uma espécie de jogo

os locais próximos,
companhia... a de sempre,
o tempo magnífico,
o resto também,
a comida igualmente boa.
Onde está a diferença entre o almoço e os preparativos do jantar?
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Daqui desta janela do 1509
Duas vezes Portugal!
E o Nilo ali em baixo.
E tantos séculos!
Não cai(r)o em mim...
Deve ser da viagem.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Vou pelas cidades
sou de todas as idades.
Tenho é saudade
do tempo em que não tinha saudades.
.
sobram-me as memórias,
abundo em História(s)
.
Voo para as cidades
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Está cinzento o tempo no Zambujal
(como de todas as vezes!)
despeço-me de tudo
(das coisas, do gato, das memórias)
como se fosse a última vez
... porque pode ser a última vez.
.
Está cinzento o tempo no Zambujal!
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Revendo (de passagem) e melhorando (?)
e cada moeda tem outra face,
isto é: cara ou cunha.
Cada poema tem os seus versos,
e cada verso tem suas palavras,
isto é: sílaba a sílaba.
É assim que as moedas são,
e é assim a humana condição,
isto é: punho ou pulha!
domingo, 12 de setembro de 2010
Está quase...
Subo a calçada (não a do Gedeão mas outra), bato a uma porta que eu cá sei, entro sem cerimónia, e digo alto e bom som:
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Relógio tresloucado
Já muita gente - imensa - escreveu isto das mais variadas maneiras. Hoje, saiu-me esta.
Lugares e gentes - pinça mentes
Pronto! (é um desabafo, pronto!)
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Da mesa do canto do Canto da Vila - 2
Da mesa do canto do Canto da Vila - 1
Sinto-me, sento-me... e come-se bem.
- Mas ó avó!... nós não fizemos nada!
Com um ar muito convin(o)cente, mas estava-se mesmo a ver que tinham feito alguma coisa...
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Conversas na passagem
Ela vai começando a aceitar... que é o capitalismo. Mas só começando...
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
No Chico Santo Amaro... TO BE OR NOT TO BE!
Cada tempo tem a sua moeda
Já contei tostões
tostão a tostão.
Agora,
agora há quem conte cêntimos
cêntimo a cêntimo.
Eu já não!
Mas olho em volta
e vejo tantos que sim
… e tanto que sentimos!
.
Cada tempo tem sua moeda,
e, cada moeda tem o seu verso,
isto é, cara ou cunha,
melhor ainda: punho ou pulha!
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Cá e lá livros há
Hei-de depois devolvê-lo, meu que também o livro é, à estante dos livros lá de casa dela, da Zé.

No "expresso" de hoje à tarde
Se já tantos escreveram,
se Saramago escreveu*,
se Mário Castrim escreveu**.
porque não hei-de escrever eu?
* - No ano da morte de Ricardo Reis
** - A caminho de Fátima
1.
Parecem metralhadoras
as ininterruptas faladoras!
‘Inda por cima em crioulo
… dão-me cabo do miolo!
2.
Um bebé que chora
toda a hora
(e meia)
3.
A mãe embala,
docemente,
a tia (?) adormeceu,
crioulamente.
4.
Um pé grande, grande
( p’raí 44, no mínimo)
vem do banco de trás
e zás!
instala-se no banco vazio
aqui ao lado do meu.
5.
Um pé grande, enorme,
todo mulato menos na sola,
branco na planta
aqui está,
a fazer-me companhia,
um pé que dorme
e só lhe falta ressonar
(faça-se justiça,
não há que dizer:
bem lavadinho e unhas cortadas)
6.
Nos lugares à frente
6 – orientais – 6,
três casais
em peregrinação
de 3-gerações-3.
Vieram de longe,
cheios de fé.
Vão até Fátima!
7.
… e eu também...
faço escala de curta paragem,
estou de obrigatória passagem.
Sou o peregrino acidental
para chegar ao Zambujal.
Aleluia!
6.
Há os que seguem para Braga
Boa viagem!
terça-feira, 24 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Mas como é que...
- ... ora... falando...
- ... sobre quê?
- Ora... sobre tudo...
- ... sobretudo sobre quê?
- ... sobretudo sobre nada!
domingo, 22 de agosto de 2010
Passeio entre parenteses
(Em todo lado, com os Castelos em fundo)
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
"Deite-se já aqui!"
Ao que me consta, esse meu amigo, que não vejo há que tempos e vive lá para um monte no Alentejo, tem uma quantidade de cães com nomes muito curiosos...
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
O puto reguila - adenda
.
Assim se criou uma espécie de costume. Ele começou a fazer colecção de calendários com motivos vários, e eu passei a ser o seu fornecedor.
Nalguns casos, acompanhado o fornecimento por pequenas conversas sobre os motivos escolhidos para nos informarem, ou influenciarem, no verso, a pretexto de, no reverso, nos fazerem a oferta de um pequeno rectângulo de cartolina com a organização dos dias do ano que está para chegar ou que começou há pouco.(…)»
.
Eu também não! Ou quero?... Talvez noutra ocasião.
Felicidades lá por Paris, “puto reguila”.
sábado, 7 de agosto de 2010
«Curtas (mas verdadeiras)»... diz ele - (suite)

______________________
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Aproxima-se a festa do Zambujal


segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Longa jornada para um regresso - 5
Retraite,
como "vacanças", como boulot, como sécurité, como maison,
palavras novas, coisas novas e novos sons.
E projectos e sonhos.
Logo logo 40 anos
a somarem-se aos pouco mais de 20 com que partira.
Era tempo de decisões,
decisões preparadas, mais sonhadas que pensadas.
.
uns em universidades e politécnicos por aqui e por ali,
alguns em Portugal, outros e outras fincando raízes em outros países,
era dele e dela, agora, a escolha de onde viverem,
… sem de vista os netos perderem!…
.
ainda que com regressos frequentes às Franças e Araganças,
por tantas pontas e pontes lá deixadas,
Uma alegria calma e, por vezes, contrariada.
Tudo bem na saúde, capaz de agarrar de novo na enxada,
de ir ao campo de jornada,
mas por gozo, por desfrute.
Sedes guardadas para serem “matadas”
em lanches por aqui e por ali,
.
A pena de ver a escola fechada,
o lugar de aprender para tantos e tantos,
e ver partirem,
netos de companheiros das moças idades,
vizinhos com os anos que ele há mais de 40 tinha,
a partirem por caminhos que tinham sido os seus,
não “de salto” mas deixando mulher e filhos,
“vamos ali, já voltamos…”,
não para não irem à guerra
mas para lá por fora fazerem outra guerra,
a da luta contra o desemprego.
.
muito ele tinha mudado.
Mas tanta coisa continuava na mesma!
.
domingo, 1 de agosto de 2010
Longa jornada para um regresso - 4
Tantos anos foram,
desde os 40 do seu nascimento
aos primeiros do novo milénio.
.
Nunca ele, por um momento, parou para pensar.
A sua vida foi só trabalhar e mais trabalhar,
labuta e mais labuta.
Desenrascou-se, "debruiou-se" c’est tout.
.
E disse e voltou a dizer que nunca nada quis com a política,
que a sua política sempre foi o trabalho!
(Como se o trabalho não fosse a política!...)
Mas sempre humano, solidário,
ajudando como ajudado fora.
.
Sabia, agora, que não gostara do fascismo,
que, no “salto”, também fugira à guerra colonial,
festejou e sentiu orgulho quando a sua Pátria foi Abril,
que abria as páginas dos jornais,
na admiração e na esperança dos demais
- foi quando pôs a bandeira portuguesa, bem à vista!, no vidro traseiro do Renault –
… mas depressa passou, apesar do muito que ficou.
Acreditou nas reacções que a reacção inventou,
no sangue nas ruas, no Alentejo a ferro e fogo,
num País com fronteira em Rio Maior,
e pior!
.
Por essas alturas, viera à terra, à aldeia,
aqui, ouviu do mel e do fel, cantou Grândola e viu a coisa feia,
chegou a entrar em conversas e discussões,
falou de experiências e do Marchais,
contou, com algum entusiasmo, da CGT e de manifs
que nunca fizera mas soubera,
mas foi, também, anti-comunista,
no meio de tantas invenções e provocações.
Aos poucos, triste, voltou às suas tamanquinhas
- de que nunca saíra... -,
sem saber quanto ganhara, quanto perdera,
quanto ficara nele desse tempo que, sendo nosso, dele fora. E é!
.
Talvez, desse tempo, tenho guardado a vontade do retorno,
foi então que vendeu (pouco), trocou, comprou (umas coisitas…),
e começou a pensar em construir.
Para quando chegasse a retraite!
Longa jornada para um regresso - 3
Mais de vinte anos passaram,
de viagens de ida-e-volta là bas,
curtas mas repetindo-se ou prolongando-se.
Às festas da santa padroeira,
por alguns natais à lareira,
e aos casamentos de parentes
e aos baptismos de afilhados,
sempre em Agosto para eles estarem presentes,
com boas “visitas” e melhores legados.
.
Ça vas, ça vas, ça ira!
.
A ela dele também ajudou -… e se ajudou!...-
Foi concierge, fez ménage chez les dames,
umas coisas de couture,
o costume que tanto é...
tudo o que há e a que tão pouco valor se dá,
enquanto se fazem filhos nascer e crescer
e se mantém a casa arrumada e limpa,
e a roupa alindada, e as refeições a horas
… porque o homem trabalha… lá fora!
.
Assim se encarreirou a vida,
com filhos e filhas a tirarem bac
e, alguns…, a irem mais au-delà.
.
Ele ganhou peso e pose,
e quereres, e posses, e mandos,
numa pequena oficina, ou em travaux publics,
ou em jardinage, ou em hotelllerie
(Ele foram tantos, e tantos os caminhos de cada um!…)
.
Nas vindas à aldeia, aos poucos ganhou ares e senhoria,
e até deu uma ajuda importante para o clube da terra,
e – mais importante ainda! – para o edifício da nova escola.
.
E dizia, orgulhoso, que não era esmola,
estava só a ajudar a conhecer melhor
o que ele não conhecera nada,
nem pela rádio nem pela televisão,
e apenas descobrira pelo “salto” para que fora empurrado
e pelo que aprendera com a vida.
.
Depois de obras na velha casa,
a nova maison crescia,
preparando nova fase de vida.
Na vida a ele devida.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Longa jornada para um regresso - 2
Não foi à tropa nem à guerra,
como tantos da sua moça idade,
muitos para numa caixa de pinho voltar.
.
Pelos anos 60 partiu “de salto”,
de "salto" atravessou Espanha e Pirinéus
e a Paris arribou antes de “arrivar”,
como tantos e tantos mil
menos alguns que a guardia civil alvejou
(como ao “Bicho”, seu – e meu! – vizinho e amigo);
.
em Paris se encontrou,
em Champigny, por aqui e por ali,
em qualquer ville-bidon se acolheu e viveu;
trabalhou como um mouro,
que desse Sul tinha vindo para trabalhar.
.
Fez de tudo,
de maçon a metallo,
para biscates serviu,
com muita habilidade
… e alguma batota.
Foi mais um Fernão Mendes
(e como ele mentiu)
Desenrascou-se, pois então!
.
Logo que pôde
(e mesmo antes de poder...)
começou a vir de "vacanças" à terrinha,
comer frango sem pão,
saber da oliveira e da vinha,
beber menos vinho que Ricard,
mais bière que cerveja,
para alegria de uns, de outros inveja.
.
Reencontrou a antiga conversada,
e pouca conversa foi precisa,
estava a boda preparada.
Logo tudo se arranjou,
com o senhor prior se tratou,
dos banhos e da cerimónia,
e a festa a fartar, com os padrinhos,
os pais, parentes e vizinhos
como é de natureza e de uso secular.
.
E ela foi ter com ele,
na graça de deus e da senhora do lugar.
.
Assim, nova fase da vida começou,
a-dois… e mais os que iriam chegar.
Longa jornada para um regresso - 1
Nasceu nos idos anos 40,
numa aldeia deste País.
.
Cresceu de pé descalço e ranho no nariz,
guardou gado,
levou a merenda ao pai
à jorna lá no cimo do monte,
usou enxada e machada,
andou à lenha e foi à fonte;
.
fez fisgas com elásticos inventados,
atirou pedras a pássaros,
“armou costelas”,
chutou bolas de trapo e bexigas de porco;
.
foi à escola, que nem escola era mas um posto escolar,
que Salazar dizia e mandava que
para ensinar a ler, escrever e contar
bastava saber ler, escrever e contar;
.
trabalhou à jorna,
de sol a sol, de chuva a chuva,
do cantar do galo às “ave-marias”
abriu poços, levantou muros,
pisou uvas, enxertou árvores,
semeou muito, colheu pouco;
.
correu as festas e as feiras,
descobriu-se na descoberta das cachopas,
com algumas se deitou nos palheiros,
entre espigas e barbas de milho;
.
do mundo para além da vila
não sabia de cidades
e de outras terras e notícias;
.
de guerras, ouvira a história do avô
que viera gaseado das franças
e a do avô do vizinho e amigo
que decepara o dedo de dar ao gatilho,
e assim “se livrara”,
e a de outro que fora amparo de mãe e sustento de filho;
.
"foi às sortes", ficou apurado para soldado,
condenado a ir para África matar e morrer.
Ainda fez a festa com os “do ano”,
com os nascidos 20 anos antes,
mas outra vida queria ter.
.
E uma vida nova, outra, tinha de começar.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Questões de linguagem... e de ideologia
.
.
Para uns, o provocado ameaça;
para outros, o ameaçado provoca!
.
e vice-versa:
.
Para uns, o ameaçado provoca;
para outros, o provocado ameaça!
.
.
.
Não há acordo ortográfico que apague a ideologia...
segunda-feira, 26 de julho de 2010
«Curtas (mas verdadeiras)»... diz ele

quarta-feira, 14 de julho de 2010
Fotos antigas - ante(s)passadas

terça-feira, 13 de julho de 2010
Voltar é "doce" mesmo quando ir não é "magoado" (expressões do crioulo)
Depois, virámos a leste
… e fomos na horizontal,
deixando que o Alentejo nos tomasse de mansinho,
fugindo a cair na vertical da planura.
E de Mora, Brotas, Pavia ficámos,
como sempre nos acontece ficar:
mais alentejanos, mais portugueses, mais nós!
.
Agora, fazemos o caminho ao invés,
no regresso à casa que nos espera
no fim de todas as viagens.
Conversa cuscada no Largo da Anta, em Pavia
Casas agarradas ao chão e campos, campos, campos
As ruas rasgam-se pelo meio da vila. Para além das casas agarradas ao chão, por sobre os telhados baixos, depois das paredes caiadas, ao rés dos muros, campos, campos, campos. De oliveiras e de sobreiros. O silêncio e o cante da passarada. E o céu.
sábado, 10 de julho de 2010
Morreu o/Morreu a....
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Mais um...
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Uma estória de exemplo, neste Junho de 2010
Na pequena cidade do país esquecido, os resistentes de sempre faziam o que sempre fazem: resistiam. Era preciso apresentar listas, mostrar que, também ali, a luta continua, que não se deixa apagar na sucessão alternante, denunciando a ilusão-mentira-do-que-vai-ser, e que, periodicamente, substitui a desilusão-escondida-da-ilusão-mentira-que-foi. Era o tempo de mostrar e manter a presença, de segurar os que ainda estariam mas que fugidios gostam de ser, de trazer alguns que se revelaram numa conversa, de recuperar aqueles que talvez recuperáveis sejam.
Naquela pequena quinta de amigos, juntavam-se esforços, havia trabalho militante. Sardinhas, febras, vinho do nosso (e do bom…), sobremesas como contributo para o convívio e a luta.
Era o ano de 1997. Tudo como tantas vezes foi e será. Mas um dos vindos de fora, e de longe, porque o acaso o permitira, era diferente. Ou melhor: havia quem sabia e quem sentia que aquela presença era diferente, embora igual a todas as outras, sendo, todas elas, diferentes.
Comiam-se as sardinhas no pão, bebia-se o vinho tirado do piparote, conversava-se e esperava-se o que se sabia que iria ser dito, o que se sabia que iria ser cantado só com a viola a ajudar.
E o homem vindo de longe, com nome e renome nos jornais, ali estava. Interpelado por um ou outro que lhe queria dizer da admiração pela obra, comentando o mais recente livro, pedindo um autógrafo, talvez só trocando as palavras que se trocam enquanto se convive e se está bem.
Também estava alguma comunicação social convidada. Jovens em tirocínio pela imprensa regional, com ou sem um desses cursos que pulularam, com horizontes de carreira profissional aliciante e difícil, exigente. O mais-atento-a tudo-o-que-se-ia-passando-à-volta, sentiu um vazio, um “espaço morto”, um soluço, um hiato.
Aproximou-se de uma das jovens jornalistas que estava perto e disse-lhe: “Conhece o fulano? Apesar daquele ar, ele é acessível e simpático… então para uma jovem como você!... Este ano não calhou, mas olhe que esteve perto, e tenho cá um dedo que adivinha que para o ano é que vai ser. Você, por antecipação, podia fazer um trabalho giro aproveitando ele estar aqui… quer que o apresente?... embora não seja necessário…”.
A jovem sorriu, simpática mas com o ar de quem está a pensar “… estes comunistas!…”. Antes que o pensamento fosse mais longe, aquele comunista atalhou: “… claro que não estou a querer ensinar o sermão ao cura, você é que é a profissional, mas pareceu-me que lhe podia interessar este palpite que tenho e que não é só meu… para o ano é que vai ser!…”.
Ela, a jovem jornalista, manteve o sorriso simpático, acompanhado pelo formal “obrigado…”, passou a outro tema de conversa sobre o local e as perspectivas, o que se considerava como um bom resultado eleitoral, essas coisas…
E o que viria a ser o Prémio Nobel de 1998 não foi abordado pela jovem jornalista impermeável aos palpites, aquele e outros, do comunista-da-casa.
domingo, 20 de junho de 2010
Balanço - n
e rever o muito já vivido,
e rever o tudo de que todos fizeram história.
Olhar para a frente,
e saber do pouco resto para ser vivido,
e saber o tudo que será no todo da história.
Tanto caminho andado,
(... também os minúsculos - mas insubstituíveis - passos que são os meus)
e tanto caminho para andar,
para continuar o caminho percorrido em séculos e milénios!
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Num mundo... "da corda"!

domingo, 6 de junho de 2010
Os que fazem-de-donos põem e o gato dispõe...
Lá veio uma cadeira nova. Para as sestas. Dela. "Quer-se dezer".... como se verá.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Quem cria o quê e quem faz (de) quem...
(dizem os poetas... lúcidos)
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Nocturno
É, apenas, uma foto em que tropecei duas ou três vezes quando procurava uma outra e que parecia desafiar-me a que a colocasse. Aqui está.
Um nocturno captado no quintal numa noite de luar, reflectido na piscina ainda coberta:

sábado, 15 de maio de 2010
Deste canto da sala
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Où que me portent mes voyages la Grèce me blesse
Quantas vezes ouvi esta tão bela Melina Mercouri, e, quantas vezes..., sussurrando, troquei a Grécia por Portugal?
Será um fado?
segunda-feira, 10 de maio de 2010
estórias... - 42-Só nos saem duques...
Uma estória... - 41-...de desporto
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sábado, 8 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Dizeres e fazeres - 2
Agora, comigo... é o caos!... mas a culpa é do caos antes de mim e que eu vim resolver!
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Mas, antes de ti..., o caos não era tão grande quanto tu o dizias
e, agora..., o caos parece bem maior do que tu o dizes!
Dizeres e fazeres - 1
E, depois, aos (e como de) costumes, disse... nada.
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Eu, por mim, não digo que sou frontal... sou frontal no que digo. E no que faço.
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- « Mas tu és... comunista!»
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Ah! pois sou.
Sou comunista. Frontalmente! E sei porquê.
E tu... és o quê?
terça-feira, 4 de maio de 2010
De que mundo sou?
É com quem quotidianamente convivo… Damo-nos as salvações, ouço-lhe as vozes ou os carros quando passam na estrada, às vezes (e não poucas!) provam amizade ao trazer-me premissas, ovos, uma galinha, azeite, um garrafão do vinho novo. Não para “pagar favores”, que o único favor que lhes faço é ser seu vizinho, com eles conviver e, por isso, ser solidário quando há razões para mostrar solidariedade.
Alguns são velhos amigos. Do tempo de cachopada, de adolescência, de dias inteiros passados atrás de uma bola, ou à porta do Xico ou no Campo de S. Sebastião, de adultos nos descobrirmos. E de sempre nos reconhecermos.
Mas, por vezes, sinto que há mundos a separarem-nos. Não as paredes meias, nem os campos e campos, mas vivências que nos aproximaram esporadicamente e nos afastaram insanavelmente. Nunca fui o senhor economista, ou o senhor deputado, ou o senhor doutor, mas sou o doutor (e o comunista!), tenho mais livros e jornais em casa que toda a aldeia junta, sei de coisas e falo de coisas que não são as coisas que eles sabem e de que eles falam.
Queria tanto estabelecer pontes! Procuro-as, mas pouco encontro para além de uns copos e das recordações comuns. Falar o quê?, de quê?, falar do PEC?, argumentar pelo sim à IVG (e em que condições), e ouvir de resposta «valha-me Deus, que pecado!, tirar a vida a inocentinhos…» pela boca de quem fez sabe lá quantos "desmanchos", com a graça de deus porque sobreviveu aos enormes riscos?, conversar com professores que por aqui procuram a tranquilidade e nada dessas «coisas da política»?
Mas em que mundo vivo? Não é neste e com esta gente, de que sou e de que gosto de ser?

A Dora, com a minha mãe e as irmãs Luisa e Maria "Santo Amaro",
A Dora era uma muito jovem mãe solteira que vivia com a mãe no Vale da Perra e que, numas férias, veio trabalhar cá para casa, para “criada”, como então se dizia. Veio à experiência, agradou à minha mãe, foi para Lisboa connosco.
Há 60 anos! E ficou anos em nossa casa. Não sei quantos. Quantos quis, até mudar de querer, de vida, de estado. Casou com o Zé da Barroca, velho amigo de futeboladas e festas de aldeia, de quem teve mais dois filhos, e que cedo «foi para adubo», como ele dizia.
Depois, quando a minha mãe precisou de quem a tomasse a seu cuidado, e antes da solução inevitável da ida para um lar, o de Vilar dos Prazeres, onde eu a visitava quase todos os dias até à sua morte, aos 96 anos, ainda foi da Dora que me lembrei e com ela se tentou a continuação da vida na casa da Rua do Sol, e foi como se duas amigas se reencontrassem.
E muitas vezes nos encontrávamos, até porque ela tinha, com outras senhoras vizinhas, o hábito de dar passeios para «fazer bem à saúde», e connosco se cruzava.
E, agora, morreu a Dora e eu apenas soube umas horas depois do enterro. Queria ter-me despedido dela, dar um abraço aos filhos, filha e netas.
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De que mundo sou?, com quem convivo?
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Desato-me. E dato-me.
A Zé foi às suas artes-e-andanças das heranças, lá para os entroncamentos, e almocei sozinho. Estava óptimo o ex-bacalhau no forno (recuperado em ondas-micro) com as batatas a murro, mas ainda melhor me souberam os dois copos do excelente tinto da lavra do meu amigo de infância Manel Sardinha, que aqui me deixou como oferta (naquela embalagem de plástico, ó Manel?, então os garrafões do nosso tempo?), que cada vez melhor me sabe (do verbo saber…).
Por isso, me desato, datado que estou. Me desatei a pensar e, agora, me desato a escrever.
Ainda hesitei entre a sesta e o pôr-me aqui a pôr em papel, faz-de-conta…, o que me veio vindo à cabeça enquanto almoçava. Mas, como se pode (v)ler, decidi-me por aqui vir. Desatar-me.
(Depois de lavada a louça, claro!)
Então… é assim:
Se eu não fosse eu, admirava-me! Não que ache que sou um exemplo, e muito menos sou um ídolo de mim. Talvez pelo contrário. Mas… se eu não fosse eu, admirava-me.
Se eu não fosse eu, criticava-me duramente (o que, noutras circunstâncias, poderia considerar auto-critica). Mas há pouco não me deu para isso. Há pouco, enquanto almoçava, admirava-me. Admirava-me por ter sido sempre surdo aos cantos das sereias (e alguns cantos de algumas sereias foram), por – já que estou em imagens zoológicas – me ter mantido, e manter!, teimoso como um burro no que sei que é coerência, respeito por/cumprimento de valores e princípios. Sem transigências. Cujas são, sempre, o começo do fim da coerência… diria o teimoso como um burro. que não zurra mas diz, e escreve, e assina.
Estas são daquelas coisas que eu escreveria, datadas e desatando-me, se ainda escrevesse a minha espécie de diário, de que tenho uns milhares de páginas. Estou sempre a pensar em retomar essa abandonada maneira de comunicar comigo, de que o gosto de (ou o apelo a) comunicar com os outros me desviou para estas veredas bloguistas.
Dato-me, desato-me e adapto-me.