"Leão" fui. Cedo
me tornei "doente". Em Ourém tinha de ser…. Se em casa o ambiente nada tinha de
futebol, houve amigos que muito contribuíram para que o "bichinho" se
infiltrasse...
(eu
conto)
2.
Meu pai era homem de muitos amigos. Viera cedo para Lisboa, emigrante que fica
por perto. Que não se afasta das raízes. Sozinho na grande cidade, com gosto de
viver, associativo por maneira de ser, depressa se integrou. No Ateneu
Comercial, em colectividades de bailes, jogo (sem pisar o risco do vício),
convívio e começo de farras que entravam pelas madrugadas. Mas, entre os amigos
mais próximos, estavam sempre “os de Ourém”. Sempre contou coisas – “aventuras
de solteiro e bom rapaz, trabalhador e honrado” – em que entrava um Tomás
Casimiro ou outro “lá da terra. Primeiro do Zambujal a fazer a 4ª classe, não
era homem de muitas leituras, embora fosse de algumas e gostasse muito de
teatro.
Tendo
casado tarde para a época, aos 35 anos, com a mais nova de três irmãs, depois
de se ter sentido atraído pela mais velha, divorciada e… atraente, desse
casamento nasci eu, que filho único fiquei, depois de uma gravidez frustrada e
sempre lembrada.
E
que tem isto a ver com o Sporting e o leão que fui… e talvez ainda seja?
É
que, entre os amigos de meu pai, amizade nascida em Ourém e que passara a ser
da família, estava o casal Figueiredo e seus 4 filhos – a Maria Antónia, a
Fernanda, o António Eduardo e o Luís –, que verdadeiramente me adoptaram.
Sobretudo o mais novo, o Luís, que é o primeiro amigo de que me lembro. Pois o
“Licho”, como lhe chamava o miúdo que eu era - o que achavam uma gracinha… -, era todo sportinguista, talvez para se afirmar face ao mano António Eduardo,
poucos anos mais velho, que era ferrenho benfiquista e tanto era que chegou a
dirigente do clube.
Então
o Luís Figueiredo fez deste seu amigo, mais novo 7 ou 8 anos, o companheiro e
cúmplice na rivalidade entre verde e vermelho, embora décadas mais tarde nos
tivéssemos encontrado no lado vermelho das lutas sociais, e convictos de estar
no lado certo da vida.
O
facto é que a essa primeira amizade, que se prolongou vida fora, e ao seu
exemplo e aliciamento, se deve eu ter sido o “leão de Ourém”. Há até uma
fotografia – onde estará ela?! – em que o Luís (rapaz espigadote) e eu (miúdo)
passeamos nos Castelos (de Ourém, claro!), numa qualquer visita das famílias “à
terra”.
1 comentário:
Agora o "diário" vai ser em versão digital??
E está muito interessante, mas não conheces mais nenhum animal a não ser leões? E cães? e gatos???
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